É o assunto do momento. Não é moda. É para onde pendemos. Mas será, sem dúvida, tema que estará entre nós durante muito tempo. Anos. Será obviamente tema de campanha e no próximo ano há eleições autárquicas. As câmaras municipais têm responsabilidades acrescidas, desde que a emergência social e o RSI passaram para a competência dos municípios. Mas isso não tira responsabilidades ao Estado quando são as políticas do governo que ditam os destinos do país.
Já referimos algumas vezes, mas serão sempre poucas, que Portugal precisa da imigração, mas precisa também de ter políticas sociais eficazes, nomeadamente no que toca aos apoios sociais e à forma como acolhemos os imigrantes. Se antes sabíamos quantos imigrantes tínhamos (através das manifestações de interesse submetidas), atualmente não temos a menor noção. Muitos dos casos graves com que nos deparamos diariamente, com consumos de álcool, drogas, a dormir ao relento, ou com comportamento agressivos, não chegaram cá assim. Chegaram ao país com a garantia de que somos um paraíso porque foi isso que lhes venderam em troca de milhares de euros que ficaram em dívida. Quando cá chegam encontram miséria, portas fechadas, apoios negados e o caminho mais fácil é o que vemos, diariamente, em muitas situações no centro da cidade. Não, não há desculpa. Não, não somos permissivas com estas situações, sim alertamos há largos meses para vários cenários que temos antevisto, alertamos todas as entidades com competência nas várias matérias que comportam cada situação destas. Não, não alimentamos comportamentos negativos na nossa comunidade. Não, não somos nós que trazemos os imigrantes. Não, não defendemos e alimentamos cegamente quem nos procura. Não, não nos calamos nos fóruns certos para denunciar e apontar o dedo e assumir a responsabilidade quando a culpa está no nosso lado.
Este será sempre um assunto do momento e a forma como nos posicionamos perante ele, lamentavelmente, dá-nos etiquetas de esquerda ou direita. Todos temos opinião e a opinião de cada um não tem que se opor à dos outros. Muitas das opiniões são baseadas na falta de informação e o consumo excessivo de informação, em muitos casos falsa, também não é bom conselheiro. Mas continuaremos atentas e tudo fazemos para estar ao lado das soluções. Mesmo que seja um caminho duro e inglório, porque a qualquer momento podemos fechar a porta, e é muito difícil porque se se pensa que mandando de volta para o seu país é a solução, não é. Não é assim fácil e continuamos a dizer que temos de apontar argumentos para quem permite que tudo isto continue a acontecer, mais frequentemente do que se sabe.
O país precisa de imigrantes, mas precisa também que se fiscalizem as empresas de trabalho temporário, as empresas que “agilizam” documentação da manhã para a tarde, as habitações, os contratos de arrendamento, e muito mais.
Há dias dizíamos numa reportagem da RTP que há quem encha os bolsos e esses, na sua grande parte são nascidos e criados nas nossa terra, na porta ao lado da nossa mas nós achamos mais fácil criticar o imigrante que bebe vinho o dia todo e dorme na Praça, do que denunciar o vizinho. Coerência precisa-se e humanidade também.